CAMINHO DAS MÃOS

um grupo de amigos, arteiros de coração ...

Paulo Bustamante
milênios o bambu é conhecido e utilizado no oriente para as mais diversas funções do cotidiano: estruturas de casas, paredes, telhas, portas e janelas, mobiliário, utensílios de cozinha, objetos de decoração, cercas, pontes, irrigação, drenos, embarcações, contenção de encostas. Chegam a ser mais de 2.000 itens em bambu.

Sítios arqueológicos no Equador mostram que o bambu é utilizado há cerca de cinco mil anos na América do Sul, primeiramente pelos indígenas. Em países como o Equador, Colômbia e Costa Rica, onde a pesquisa e utilização do bambu já estão bastante avançadas, existem até programas de habitações populares em bambu. Além disso, existem construções monumentais, com telhados ousadíssimos que chegam a ter 8 metros em balanço (sem pilares nas pontas), e pontes com 40 metros de vão livre. Construções centenárias feitas inteiramente de bambu comprovam a sua durabilidade. Mas para atingir essa qualidade é necessário o manuseio e o tratamento adequado das varas.
Em 1998 após os primeiros contatos com o bambu, e algumas experiências com tratamentos químicos, optamos por pesquisar alternativas saudáveis de tratamento. Logicamente a manutenção adequada do bambual, a colheita na época certa e a extração da maneira correta e na lua mais indicada são princípios básicos para que qualquer outro tratamento tenha o máximo de efetividade. Assim fomos testando várias alternativas - fogo direto, cozimento, fritura, defumação...
Hoje estamos utilizando um tratamento à base de tanino da casca da acácia negra, que é um tratamento natural, aliado à colheita no tempo de seca, na lua minguante no período de 3:00 às 5:30hs - momento em que o bambu não está fazendo fotossíntese, estando portanto mais enchuto. Continuamos, no entanto, pesquisando outras formas de tratamento natural.
Além desta pesquisa sobre tratamentos estamos desenvolvendo uma proposta brasileira de design para o bambu, assim, desenvolvemos uma linha exclusiva de luminárias e outras peças de decoração utilizando este fantástico material como base. Sendo a qualidade nosso conceito básico, todos os outros materiais utilizados nas peças são do mais alto padrão. Somado a esta qualidade, temos a opção de utilizar o máximo de materiais ecologicamente corretos e um desenho que permite aliar o resgate de atividades artesanais às exigências do mercado atual.
Implementamos também projetos personalizados para arquitetos, paisagistas e decoradores, e de ornamentação de jardins, chácaras, hotéis e pousadas, com quiosques, cercas, luminárias, balizadores, etc.
Como acreditamos que a informação existe para circular, ministramos cursos em comunidades rurais que tenham abundância de bambu, e aproveitamos qualquer oportunidade para divulgar a excelência deste material.

Virginia Pinto Coelho
Durante sua Formação Técnica em Mecânica Industrial, - 1979, seus professores de Oficinas de Solda e Fundição já observavam e incentivavam sua tendência à forma artística de expressão. E sua busca pela arte seguiu com a ida para a Fundação de Arte de Ouro Preto, onde fez suas primeiras pesquisas com as cores, traços e formas,e aprofundou estudos e práticas em Restauração de Obras de Arte. Nesta Escola foi aluna, estagiária e monitora. Atuou junto ao Instituto de Arte e Cultura de Ouro Preto, como monitora em sua primeira Pesquisa Social. Conviveu, durante um ano com a Comunidade Rural de Lavras Novas onde pesquisou, os hábitos, costumes, crenças, folclore, artesanato, música e a tradição do uso de ervas para a cura. Neste período, conviveu com uma comunidade de artesãos cesteiros bem organizados. Descobriu no movimento do grupo o que seria seu Projeto Profissional.

E, dentro do conceito sócio-cultural desenvolveu seu projeto de vida. Seu trabalho associa a Produção Artesanal, que envolve o ser humano em seu meio social, melhora sua qualidade de vida e o mantém em equilíbrio com o meio ambiente; ao Produto Artesanal, resultado da pesquisa de raízes, produzido a partir de matéria-prima sustentável e transformado em peças que fazem esta leitura e apresentam o olhar e a interferência do design no artesanato. Como artesã têxtil, sua pesquisa sempre foi direcionada às fibras naturais e aos processos de fiação de cada uma delas. Após 18 anos de desenvolvimento de produtos em tecelagem e tapeçaria artesanal, encontrou na fiação manual da Palha de Milho, uma grande inspiração; Na possibilidade da execução de formas, uma grande conquista; E no encontro com as Comunidades Rurais para a realização deste trabalho, sua realização profissional. São 12 anos de pesquisa e desenvolvimento de Produtos Artesanais, formando Núcleos de Produção em Fibras Vegetais, atuando como Design de Artesanato e apresentando o artesanato como Produto Social, Ecológico e Conceitual.

Cynthia Gavião
O trabalho em cerâmica de Cynthia Gavião dialoga com as possibilidades da leveza (leggerezza). E o termo em ingles (lightness) ilustra bem, significa a ausência de peso, e, simultaneamente, lembra luz (luce), a radiação eletromagnética que pode ser percebida pelo olho humano.

O trabalho anterior de Cynthia era peças de cerâmica com desenhos de arvores. Ela começou a partir das raizes, da terra, do peso. Escalou os galhos, ligações, movimentos. E, em seu trabalho atual, alcançou as folhas.
Italo Calvino escreveu em Six Memos for the New Millennium que ele dedicaria sua primeira palestra à oposição entre leveza e peso e ele defende o valor da leveza. Não era porque considerava as virtudes do peso menos convincentes, mas simplesmente porque tinha mais a dizer sobre leveza.
O trabalho de Cynthia não é sobre a oposição entre leveza e peso. É sobre uma possibilidade de coexistência, uma possibilidade de transformação. Ela usa porcelana e desenvolveu uma técnica em que essa porcelana lembra folhas, pedaços de papel. Ela começou com a terra e atingiu o ar. Uma das caracateristicas herdadas do material cru é sua opacidade, mas Cynthia o transformou em translucido. A luz que era formalmente mantida distante da superficie do material, agora dança e cria novos desenhos, encobrindo sombras e areas claras. A luz corrobora com a leveza das peças. O material torna-se uma membrana que permite o fluimento da luz. A luz ganha um corpo, que aparece como folhas de porcelana.
Georges Bataille, escreveu em Rotten Sun que o mito de Icaro “claramente divide o sol em dois – o que esta brilhando no momento da elevação de Icaro, e o que derreteu a cera, causando uma falha e uma queda quando Icaro chegou perto. Neste caso a queda iminente e o vôo não são opostos, mas são a articulação junta. O trabalho de Cynthia mostra que a matéria pode ser leve. Mostra que a leveza pode ser pesada. Que a força pode ser vulneravel.
Suas peças em paperclay foram selecionadas  e premiadas em diversos Salões de Ceramica , e é comercializada em lojas de design espalhadas pelo Brasil.

Banana´s Uai ( Rita e Rosário representam diversos artistas)
Na loja Banana’s Uai são encontrados produtos que se destacam por oferecer beleza e harmonia na decoração de ambientes, tendo como filosofia a preservação do patrimônio ecológico, através da reciclagem, reaproveitamento e reutilização de papel e fibras.

O nome Banana’s Uai surgiu por serem carros chefes da loja objetos de arte com a fibra da bananeira da Oficina Gente de Fibra e Oficina de Tramas e a MusA, aguardente de banana, que é servida aos clientes, para degustação.
O artista plástico Domingos Tótora é inspirador e expositor no Banana’s com esculturas provenientes da reciclagem do papel kraft, onde a pureza dos tons e formas delicadas concedem status de arte a peças simples do cotidiano. Para Domingos “ a beleza é inseparável da função”.
Ampliando o leque de artistas exclusivos da loja, Rodrigo Gonçalves trabalha a arte em cipó.
E os tecidos  mais do que especiais de Claudia Mattos, da Nakawe.